The Creators Project: uma multidão, um show, um improviso, um Emicida

Atualizado em 24/06/2014

*O texto em itálico é da @_juuka, que esteve no local do evento.

O lançamento de DooZicaBraba e a Revolução Silenciosa, novo trabalho do Emicida, com produção de K-Salaam e Beatnick foi literalmente um presente pros fãs. Não só por ser material novo, mas porque o evento (Creators BR) foi gratuito! Para participar, bastava se cadastrar e torcer pra conseguir uma vaga. Além disso, instalações modernas (talvez artísticas) foram espalhadas pela Bienal, no Ibirapuera. Assim como uma sala com computadores estava disponível aos presentes para que tudo pudesse ser compartilhado.

Enquanto não dava o horário e o público estava espalhado entre as diversas coisas para se fazer, podia-se ver diversos rostos conhecidos: a equipe Laboratório Fantasma como um todo recepcionou a galera na fila vendendo a mixtape nova; Evandro Fióti cuidando dos detalhes enquanto Emicida era entrevistado. Também estavam lá Criolo, Projota, Rashid, Kamau, Dexter, Don Pixote, Terra Preta, e até pessoas de “fora do RAP”, como alguns integrantes da banda de rock Rancore, e a jornalista (e atriz) Sophia Reis – filha do músico Nando Reis. Tinha gente de todo o tipo!

O palco já estava preparado, o show prestes a começar. A multidão era aquecida pelo DJ Zegon, um dos mais renomados nomes a comandarem os toca discos hoje em dia. Pela internet o Brasil acompanhava o pré-show com Lorena Calabria, em transmissão do Terra, para aquele que seria um dos shows mais marcantes do ano. De entrevista com os produtores K-Salaam e Beatnick até outros envolvidos no The Creators Project, o pré-show começava a causar ansiedade nos que assistiam, impacientes pela chegada do dono da festa ao palco.

De todo o espaço dedicado ao evento, apenas 1/8 concentrava a maior parte do público: a área em frente ao palco. Tinha espaço sobrando no fundo, mas todo mundo se amontuou, afinal… quanto mais perto, melhor. E chegou o momento esperado por aqueles que ali se apertavam. As luzes diminuiram, focando mais no palco e o som foi tirado. Começaria o espetáculo!

E, depois de passar algo que parecia uma semana, Emicida apareceu. Ou melhor, eles apareceram. Afinal, um espetáculo de tamanha grandeza não poderia ser regido por um homem só. Emicida vinha acompanhado de outros artistas que ele pode chamar de amigos: DJ NyackRael da Rima, Evandro Fióti e, mais pra frente, Kamau e Don Pixote. Não sei se é o Emicida que tem a honra de poder chamá-los de amigos ou se eles que a tem de poder chamá-lo assim, mas a sintonia entre eles em cima do palco era visível e juntos fizeram um dos mais bonitos shows do RAP Brasileiro.

Em um mix de músicas do novo cd “Doozicabraba e a Revolução Silenciosa” com outras já consagradas, Emicida fez com que o público não parasse um segundo e guardasse aquele momento pra eternidade.

Pra quem estava lá, apesar de tudo lindo, o som não estava muito bom… O próprio Emicida pareceu incomodado com isso. Mas ninguém desanimou, a vibe estava positiva e a energia estava a mil. Os pontos mais altos do show, na minha opinião, foram 3: o novo single, “Viva”, com participação do Rael que, apesar de ser do novo CD, já fora divulgado há tempo suficiente pra todo mundo saber cantar; o momento monange, que sempre derrete todas as meninas presentes, combinando “Ela Diz“, “Eu Gosto Dela” e “Vacilão“; e o grand-finàle, quando todos os envolvidos estavam no palco para juntos cantarem “Triunfo“. A homenagem a Amy Winehouse, no meio de uma das músicas, também foi bastante emocionante.

Emicida e o Processador Humano no Creators Project

E se o nível emocional incluso nas letras das novas músicas já não fossem fascinantes o suficiente, o mais incrível da festa ainda estava por vir: a toca que conectaria o cérebro do rapper a um computador enquanto ele improvisava com palavras mandadas por fãs via twitter com a tag #emicidacreators. Em meio a tanta ansiedade e olhares curiosos, depois de uma parada, Emicida volta ao palco com a tal da toca. Já conectado, as palavras começaram a surgir pelas telas no palco e o improviso começou.

As palavras que deveriam ser usadas no freestyle de 10 minutos podiam ser enviadas por qualquer pessoa pelo twitter e, não satisfeito, o rapper também pediu que quem estava lá levantasse qualquer objeto, e alguns exemplos também foram usados. Como já era de se esperar, o cérebro do Emicida foi realmente mais rápido que tudo e vimos ser feito ali o freestyle mais épico da história.

Já vi pessoas fazendo improviso com palavras aleatórias que eram citadas, já vi improvisos de 10min… agora, um improviso de 10min, com palavras vindas do twitter pelo Brasil todo, sem critério, e com a qualidade com que foi feito, só Emicida. Não digo que outros não conseguiriam, mas acho difícil outros terem tanta bala na agulha para tentar ou pra ser escolhido a tentar.

Mesmo não sabendo “o que tem a ver processador e rima”, Emicida mandou um freestyle de “dia bom”, inspirado. A habilidade e a facilidade em improvisar que testemunhei e transcrevo aqui vão muito além de ser fã ou não: foi incontestável. Emicida elevou o freestyle a um outro nível e se fosse realmente uma rinha contra o computador, nem haveria 2º round.

Foram muitos sentimentos misturados e, ao encerrar, todos os presentes estavam estupefatos, em completo êxtase pelo o que tinham visto.

Felizes os que acompanharam, mais felizes ainda os presentes, arrepiados todos que viram. O improviso do rapper foi tão incrível que nem se prestou atenção no lance das imagens.

O show completo você pode rever no TerraTV!

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