12 versos do Sabotage que você nunca tinha lido

Atualizado em 15/10/2016

Sabe aquele tipo de artista, principalmente músico, que costuma usar qualquer pedaço de superfície pra escrever um verso, uma inspiração? Sabotage leva essa categoria ao extremo.

No estúdio, “mergulhava” entre os pedaços de papel para encontrar aquele verso que queria; enquanto não encontrava, ia metendo umas rimas improvisadas mesmo no som.

Não à toa, mesmo após sua morte, um disco de músicas inéditas deve surgir em breve. Além disso, o livro “Um bom lugar”, sua biografia oficial, escrito por Toni C., traz vários versos retirados de suas “anotações”, que nunca foram gravados (pelo menos, que não foram lançados ainda).

Leia mais:
– 23 coisas que você não sabia sobre o Sabotage;
– DJ Cia grava música inédita do Sabotage com participação do Dexter;
– “Favela É Um Bom Lugar”: mais uma inédita do Sabotage é encontrada na internet;
– Música inédita do Sabotage é encontrada na internet.

Pra comemorar este 41º aniversário do “Maestro do Canão”, reunimos algumas dessas linhas pra você. Afinal, quanto mais Sabotage, melhor!

Todos os versos foram retirados do livro “Um bom lugar”, a biografia oficial do Sabotage, escrito por Toni C.

1. Sobre sua “fraqueza” pelas mulheres 

“Não me acho
Canto o que faço
Não sou Picasso
Mas traço
Do sexo frágil
eu me acabo”

(p. 47).

2. Sobre a morte de sua mãe

“Doze de junho de 92
Minha mãe se foi.
A dor corrói
Mas nego não para no tempo
Teve o tormento
A dor foi forte
e sente lá dentro”.

(p. 65).

3.

“Coração selvagem
Pai por três vez
Sabotage”

(p. 76).

4.

“Seu vizinho do lado, num quarto alugado
Rapaz bonito e olho claro, tem a sorte ao seu lado
Estudou comigo num colégio do estado
Mosca branca hoje em dia o colégio estaciona carros”

(p. 77).

5. Sobre a morte de Deuclides, chefe do tráfico na região, e a acusação de ter cooperado

“Logo eu que nunca caguetei, nunca vacilei, nem dei derrame no movimento de ninguém.” (p. 83).

6. Possivelmente sobre seus filhos ou as crianças da quebrada

“Isso me alegra o coração
Continuo meus passos
Fazendo uma oração para que Deus
Ilumine essas crianças
Para que elas não brinquem como eu brinquei; eu abusei
Não ouvi meus pais, achei que
Os amigos perdidos e as ruas eram muito mais
Não era nada, não me fez bem
Fui pego pela viatura;
Ouvi o PM dizer que
Colégio de menino de rua é a Febem”

(p. 94).

7. Sobre a periferia, depois da vitória de Marta Suplicy contra Maluf

“Cada vez mais cabulosa é a periferia. Com as mulher no governo, achei que mudaria. Só atiça o desemprego, a cobiça.” (p. 160).

8.

“O baseado é promovido pelas críticas por ser um mato plantado, não uma forte química.” (p. 179).

9. Sobre suas paixões no futebol

“Tá bom de lembrar no Rio sou Flá,
Canão Mengão Corintiano 100% no ar!”

(p. 204).

10. Sobre o Natal na quebrada; intitulado “Natal Fatal”

“Quem sobrevive nas ruas, natal é só mais um dia
As mesmas roupas, o mau cheiro, sempre má companhia
Se tendo berço de ouro natal é sempre mais discreto
Compram de vários presentes e dão de amigo secreto.”

(p. 218).

11.

“A vida é descrita como se entende
Quanto mais se vive
Mais a gente aprende, mas nós não podemos
Ir ao fundo no que o profeta escreveu
Quem vive mais para o mundo
Vive menos para Deus.”

(p. 227).

12. Supostamente, a história da policial que seduziu o bandido para obter informações ou algo assim (ou não)

“Parei sentei pra escrever dizer o que estou sentindo
O que eu rimo pra você é o submisso que vivo
Vivi te conheci em Barueri,
não pensei que fosse assim destino tão ruim, em fim.
Aquele dia nada aconteceu porém
Mas valeu também que os anjos digam amém
A minha carreira vou seguir, tenho que ir além
Daqui pra cá vou usá
Então vamos lá, vou lembrar o que foi e pá
Da primeira vez que colei na sua casa
Desce na estação toma o homem de lata,
foi essa a expressão que comigo usava
No boulevard, veio então a informação
Jd. São Pedro é sem segredo e perto do Batalhão
Baruba Style desenvolvida cidade
Luxo de mais que as favelas não sabem
Confrontou-me indigno, seu caminhar transitou parou
Um novo amor
Do meu estilo, hum
Daquele jeito
Um metro e oitenta e cinco, que princesa, eu tô perdido
Conversa mansa e sexy
Alvo vivo esperto e sempre ativo
O insensato e o insensível
Esquecê-la não consigo,
Mas admito arrisco um confisco
Não suporto mais, o não,
Você me maltrata de mais
Não aguento mais hooo,
Preciso de um pouco de paz,
Sumariamos logo mais
Pensando bem eu fui refém também
Até homem de lata da Barra Funda a Pirituba
Barueri, Caracas, Itapevi e de quebrada, vários pião fiz na Lapa
Passando mal com a mulherada
Mas a verdade por você fui sabê terça-feira à tarde
Veja só você quanta ingenuidade
Uma noite com você vale mais que a luz do céu azul
Mais que um veleiro no mar do vento sul
Mandava a rima e escrevia,
Alegremente um suor quente
Era você e suas brincadeiras ardentes
Como um vulcão ativo
Apaixonado fica igual a Lennon com Yoko
Me excito explícito me sinto
Suspiro auto respiro transpiro tiu tiu
Sinal que passou o tempo já nem vejo aquilo tudo
Minas trocam o certo pelo duvidoso
Nunca vira guerrilheiro Rap, nego véio na ativa
Passado é resto e certo?
Tem mil mulher em cada vila
Calça larga camiseta regata, da espraiada, ô zica
Faz parte da periferia
Parei sentei pra escrever e dizer o que sinto
O que eu rimo por você é a sobremesa que vivo
Poxa Vivi quando ti conheci foi tipo assim
Pressenti, vai de ti, nos unir, seu sorri, só pra mim
Fortificalafrí
Não pensei que fosse assim o destino
Tão ruim, em fim
Polícia versos crí, assim esse filme assisti
Na sessão da tarde na casa do Junim.”

(p. 56).

Todos os versos foram retirados do livro “Um bom lugar”, a biografia oficial do Sabotage, escrito por Toni C.

seja o primeiro a comentar

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *