Emicida fala sobre a negação do racismo: “é o mesmo discurso do apartheid”

Quando foi indagado pelo Fantástico sobre a sua reação em campo após sofrer inúmeras ofensas raciais, o goleiro Aranha, do Santos, creditou ao RAP sua preparação para o caso e sua necessidade de ser mais inteligente que “aquele povo”.

A recíproca é verdadeira. Enquanto caras como Pelé criticaram a ação do jogador, a maioria dos rappers o defendeu e o fez herói. Emicida, que acompanhava a partida pela Internet, foi taxativo ao imaginar como crianças negras se sentiram ao entender o que acontecia.

“Você sente vergonha da cor da sua pele”, respondeu ele ao Ponte Jornalismo. “A pessoa vai se esforçar o resto da vida pra permanecer invisível. Não pra se blindar, ela quer se tornar invisível pra não ser agredida.”

Assim como o atleta do seu time do coração, o rapper também creditou ao RAP seu início na compreensão do assunto. A importância de Racionais, Sistema Negro, Consciência Humana, DMN, Rappin Hood e tantos outros é sempre lembrada.

Emicida também relembrou alguns casos que aconteceram com ele e relatou a tremenda dificuldade e até vergonha que é fazer um B.O. de um caso de racismo.

“Eles usam o mesmo discurso das pessoas que eram contra a abolição. ‘Não, não foi isso não, isso não é nada’. Eles usam o mesmo discurso dos caras que lutavam contra os direitos civis pros negros nos anos 60. Cê vê todos esses recursos se reproduzindo. É o mesmo discurso dos caras que eram contra o fim do apartheid. ‘Não, não é isso não, esses caras tão se fazendo de vítima'”, afirmou. “É extremamente difícil. É humilhante cê ter que fazer um boletim de ocorrência porque uma pessoa negou sua humanidade.”

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